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Foto do escritorFelipe Cavalcante

Amor fati e a maneira de lidar com as coisas ruins que acontecem conosco

“Minha fórmula para a grandeza em um ser humano é amor fati: a pessoa não deseja que nada seja diferente, nem antes, nem depois, nem em toda a eternidade. Não é meramente suportar o que é necessário, muito menos dissimular… mas amá-lo.”


Nietzsche


Apesar das enormes dificuldades que enfrentei nos últimos anos, eu me tornei uma pessoa com muito mais paz de espírito.


Antes quando acontecia algum incidente no trânsito eu perdia a paciência e podia até explodir. Quando acontecia algum problema na empresa eu ficava superchateado ou estressado.


Mas aos poucos eu fui aprendendo a lidar de outra maneira com as coisas ruins que aconteciam comigo, aceitando-as e sabendo que o que aconteceu, aconteceu, não tem mais volta e não adianta ficar remoendo ou se martirizando. Aprendi que simplesmente não adianta lutar contra o passado. Ele não volta e o que está feito, está feito.


Tive um exemplo recente dentro de casa quando o celular da minha mãe caiu no mar. O primeiro desafio era encontrarmos ele, tarefa praticamente impossível. A segunda era se ele estaria funcionando caso o encontrássemos. No final das contas o encontramos e ele estava funcionando, mas durante os 30 minutos de busca o que eu vi foi minha mãe aceitando o fato e avaliando o que faria a seguir e não prostrada ou chateada pela possível perda de fotos, senhas e dados. Foi inspirador.


Ryan Holiday fala de um exemplo famoso, quando o laboratório de Thomas Edison pegou fogo acabando com décadas de pesquisa. Ao chegar ao local, sempre calmo, a sua famosa reação foi dizer excitado para o filho “Vai buscar a sua mãe e todos os amigos dela. Eles nunca mais verão um incêndio como esse. ” Questionado pela postura calma, ele respondeu “Está tudo bem. Só nos livramos de um bocado de lixo”. Mais tarde disse para uma repórter que “não estava velho demais para começar de novo e que já tinha passado por muitas coisas como esta. É o que impede um homem de ficar entediado. ”


Claro que nem todas as pessoas são capazes de reagir dessa maneira, mas fica claro que a melhor abordagem que uma pessoa pode ter em relação à vida é mudar a maneira como enxerga e lida com as coisas que acontecem com ela. Ao invés de lutar contra as coisas ruins que acontecem, devemos fazer o inverso e não só aceita-las, mas até abraça-las.


Eu, particularmente, sempre penso duas coisas quando algo negativo acontece comigo. A primeira é que eu falo para mim mesmo: “E daí?”. Poucas vezes eu vi um antidoto tão forte quanto esse. Entendi que a grande maioria das coisas são apenas chateações e mesmo quando o problema é sério precisamos nos adaptar a ele e aprender a conviver. Não vamos morrer por causa disso e se morrer, e daí?


A segunda “técnica” que utilizo é compreender que tudo o que aconteceu conosco, inclusive as coisas ruins, nos transformou em quem somos hoje. Não temos como ser um ser humano inteiro sem os aspectos negativos de nossa vida. Além disso, para mim está claro que coisas que hoje consideramos ruins ou até trágicas muitas vezes nos levaram a rumos positivos em nossa vida. Ter a consciência de que o ruim de hoje pode ser o bom de amanhã é libertador.


Foi por pensar assim que eu adorei o conceito de “Amor fati” de Nietzsche. Segundo ele, Amor fati significa “Amor ao destino”, ou seja, a aceitação de tudo aquilo que acontece conosco, seja positivo ou negativo. É um conceito também muito presente no Estoicismo.


Nietsche advoga que devemos não só aceitar, mas também amar o que acontece conosco, mesmo que seja negativo. Eu confesso que não iria tão longe. Essa possibilidade está muito distante da grande maioria das pessoas. Coisas boas e ruins acontecem, mas se conseguirmos apenas manter uma atitude tranquila, serena e de aceitação em face delas nossas vidas já teremos mudado de patamar.


Se algo aconteceu é porque estava fadado a acontecer. Foi o destino jogando suas cartas e devemos aceitar isso. Precisamos fazer o melhor com o que acontece conosco. Como sempre digo, a vida é um jogo de poker. Não temos como escolher as cartas que nos são dadas, mas podemos escolher como reagir a elas.


Tão certo quanto a morte é que teremos inúmeros contratempos durante nossa vida. Quem almeja granes vôos deve estar ainda mais preparado para suportá-los. Por isso, escolher a aceitação será sempre mais sábio do que escolher o desapontamento e a raiva.

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