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Foto do escritorFelipe Cavalcante

Criação ou imitação?

Vou logo avisando: todas as coisas que vou escrever aqui já li em outros autores.


Isso quer dizer que estou apenas copiando e não estou criando nada de novo? Não, ao contrário.


Se eu fosse apenas copiar a idéia de uma pessoa, isso seria imitação pura, barata e simples. Mas se eu combino várias fontes independentes de conhecimento e crio algo novo, com uma perspectiva única, isso é criação, é criatividade.


O próprio conceito de criatividade e inovação se baseia em combinarmos coisas que anteriormente não tinham nenhuma correlação. Por isso que sempre ouvimos os criativos falar da importância de estudar e ter curiosidade sobre assuntos que não tenham qualquer relação com nossa atividade principal.


Quantas vezes eu já me peguei lendo algo ou ouvindo um podcast que não tinha qualquer relação com meus interesses diretos e de repente vem aquele estalo de que eu poderia aplicar aquilo nos meus negócios ou na minha vida? Inúmeras, incontáveis vezes.


Obviamente que isso requer curiosidade perante a vida e uma cabeça aberta para o conhecimento. Nem todos possuem, mas aqueles que seguem esse caminho têm uma enorme vantagem em relação aos demais.


Além disso, cada um de nós tem uma experiência de vida única. Gosto de pensar em nós como máquinas de processamento criativo. Recebemos inúmeros inputs ao longo da nossa vida, aqueles que temos consciência e a grande maioria que nem nos damos conta. Esses inputs vão nos tornando as pessoas que somos, únicas em todo o universo.


Podemos ter os inputs diretos do processo criativo, como livros, artes, esportes, vídeos, podcasts, observação, mas também temos os inputs indiretos, como nosso DNA, as lições que que a vida nos dá, as habilidades e dons com que nascemos, a relação com nossos pais, família e amigos, as escolas e faculdades que frequentamos, nossa saúde e até os lugares e o tempo em que vivemos.


Todos esses milhões de inputs são processados por nosso ser único, com visões, interesses, limitações que ninguém mais no planeta terra possui iguais, o que torna os nossos outputs também maravilhosamente únicos.


Portanto, o antídoto contra a imitação e o elixir da criação é nós apenas colocarmos nossa personalidade nos inputs que recebemos. É preciso que nós não tenhamos receio ou vergonha de falar o que pensamos, criar a arte que queremos, tomar as decisões que acreditamos serem corretas.


Aproveite e explore o que tem de único em você e imprima sua personalidade no que você faz. Produza, crie, escreva, divulgue algo que você goste, tenha interesse e não algo que tente agradar a todos. É muito melhor ter alguns poucos que amem o que você faz do que várias pessoas que não valorizem ou não desenvolvam uma conexão com seu trabalho ou suas idéias.


Isso traz um efeito colateral único e extraordinário: você começa a gerar conexões e criar laços com pessoas que se identificam com você e com sua maneira de ver o mundo. Uma conexão, ou amizade, gerada por esse motivo tem muito mais força e é muito mais gratificante de que uma gerada apenas pelo acaso da vida, pela família a que pertence, pelo local em que você nasceu, pela escola e faculdade que cursou ou pela convivência no trabalho. Conexões por afinidade de idéias são muito mais poderosas e levam a uma vida muito mais plena do que as conexões determinadas por razões geográficas.


Quem também abordou a questão de aproveitar as idéias dos outros foi Isaac Newton ao afirmar que “Se vi mais longe foi por estar sobre os ombros de gigantes”, reafirmando essa linda característica tanto da ciência, quanto das artes, de ser uma construção coletiva.


Porém esse conceito dos anões sobre os ombros de gigantes é bem anterior a Newton, tendo raízes no século XII e é atribuído a Bernardo de Chartres e expressa o significado de “descobrir a verdade a partir das descobertas anteriores”. Ele estava comparando seus contemporâneos, os estudiosos do século XII, com os antigos sábios da Grécia e de Roma.


Por isso tudo é que eu instigo cada um de vocês a não ter vergonha de usar as informações e conhecimentos que lhe antecederam, mas o faça combinando-os de maneira única, de uma maneira que lhe interesse diretamente, colocando sua perspectiva pessoal, que eu lhe asseguro que o resultado será único. Você terá criado algo de valor para a humanidade.

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