Sempre questionei s busca da felicidade, pelo menos enquanto busca por momentos felizes e hedônicos. Todo mundo que já passou por períodos de sua vida cheio de idas a baladas sabe como esse tipo de vida pode ser vazia.
Eu também nunca comprei a idéia de que felicidade seria vivermos pontos e momentos felizes e fugazes em uma vida cheia de tristeza e dificuldades. Ou seja, existiriam ilhas de felicidade em um oceano de tristeza. Para mim isso nunca fez sentido.
Lembro que em meados da década de 90 cai de cabeça em uma busca por entender o que era realmente a felicidade. Li muitos livros, atuais e antigos, com destaque para livros de filosofia e não de psicologia. Obviamente que não lembro de mais nada do que li, mas lembro da conclusão a que cheguei de que felicidade seria a gente não lamentar o passado, não sofrer em antecipação ao futuro e viver o momento presente. Confesso que eu era muito bom em relação a não lamentar o passado, mas sempre fui um desastre, até alguns anos atrás, em relação ao presente e ao futuro.
Alguns anos atrás tive contato com um conceito que me encantou: o Flow de Mihaly Csikszentmihaly, que é aquele momento onde ficamos imersos no que estamos fazendo, sem pensar em nada além e muitas vezes sem sentir o tempo passar. É o famoso não pensar em anda além do que você está fazendo. Acho que atletas, artistas e músicos sabem bem do que estou falando, mas eu mesmo já passei por muitos estados de Flow ao ler, redigir documentos e fazer planilhas de excel.
Mas a melhor teoria que já tive contato e que pelo menos para mim faz todo sentido e explica o mundo de uma maneira que eu consigo enxergar é a Teoria do Bem-estar de Martin Seligman, criador da Psicologia Positiva.
A teoria do Bem-estar tem como base cinco elementos, cujas iniciais em inglês criam a sigla PERMA: Positive emotion (Emoção positiva), Engagement (Engajamento), Relationships Relacionamentos), Meaning (Sentido), Achievement (Realização).
Emoção positiva
Aquilo pelo o que sentimos prazer, entusiasmo, êxtase, conforto. Uma vida em torno desses elementos é uma vida agradável. Esse é o elemento que se confunde com a felicidade como ela é percebida em geral pelas pessoas.
Engajamento
Entregar-se completamente, sem se dar conta do tempo, e perder a consciência de si mesmo durante uma atividade envolvente. Uma vida em torno desses elementos é uma vida engajada.
O engajamento é diferente e até oposto de emoções positivas, pois as pessoas não estão sentindo nada enquanto realizam uma atividade. A atenção concentrada exigida durante o engajamento consome todos os recursos cognitivos e emocionais. Você deve ter percebido que essa é a exata descrição do estado de Flow.
Sentido
Pertencer e servir a algo maior do que nós. Muito em voga hoje em dia, o propósito pode ser encaixado aqui.
Realização
As pessoas perseguem o sucesso, a conquista e a realização por eles mesmos, sem depender de fatores externos. São as coisas que os seres humanos decidem fazer apenas por fazer, quando isentos de coerção. Essa característica é muito valorizada entre funcionários. São pessoas que fazem por que tem que ser feito. O compromisso é consigo mesmo e seus valores e não porque é obrigada ou incentivada a fazer algo.
Num sentido mais amplo de vida, é o sentimento de que conquistamos algo e que nossa vida não foi em vão.
Relacionamentos positivos
Poucas coisas positivas acontecem sem a interação com outros seres humanos. É com a ajuda de outras pessoas que conseguimos superar os momentos ruins de nossas vidas.
Um estudo de Harvard mostrou que o item mais importante para a felicidade de alguém é a qualidade de seus relacionamentos. Veja bem que o estudo fala em qualidade dos relacionamentos e não da quantidade dele.
Acho que qualquer pessoa que escolha realizar sua trajetória de vida maximizando esses cinco elementos terá uma vida plena. Seligman deu praticamente o caminho das pedras. Cabe a você decidir segui-lo. Será que você consegue?
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