Os últimos anos foram os mais difíceis na história do mercado imobiliário nordestino, mas felizmente os ventos estão começando a mudar. A estabilidade econômica e as reformas macroeconômicas em andamento terão grande impacto no setor. A confiança no futuro é o grande motor de crescimento do setor e ela está voltando, amparada em taxas de juros e inflação estruturalmente baixas, na redução do desemprego e na retomada do crescimento.
Neste novo cenário, os bancos já começam a dar sinais de maior apetite pelo risco e a reduzir taxas de juros para o segmento imobiliário. E o melhor ainda está por vir. O setor passará a conviver com taxas até então inexistentes no Brasil, diminuindo o valor das parcelas e atraindo milhões de clientes para o setor.
Em todo o País, e no Nordeste não é exceção, os estoques estão se reduzindo com a velocidade de vendas sendo superior aos novos lançamentos, o que leva a um quadro de retomada de preços.
No Nordeste ainda houve um fator adicional: a chegada' e saída abruptas — e algumas vezes estabanadas — de grandes incorporadoras nacionais. Se de certa forma isso afetou no curto prazo as incorporadoras locais do Nordeste, reduzindo a velocidade de vendas, também teve a capacidade de reforçar a imagem das empresa regionais perante seus mercados. Por mais que também tenham passado por problemas, conseguiram manter seus relacionamentos com clientes e conetores, absorveram tecnologia, melhoraram a governança e estão em posição de tirar proveito do próximo ciclo de crescimento que se aproxima.
É sempre importante relembrar que o Nordeste não é uma região homogênea, afinal, a Bahia tem o tamanho da França, por exemplo. Várias realidades diferentes são encontradas não só em cada estado mas em cada cidade e até em bairros. Ainda assim, existem certas tendências soba, os principais segmentos:
Residencial: recuperação será lenta, sempre mais lema do que São Paulo, mas virá. A demanda é real. a população continua a crescer, os juros devem cair a população retomará as compras. Já os empresários estarão mais seletivos e certamente cometerão menos excessos.
Imobiliário-turístico: o boom da multipropriedade afetará fortemente os destinos turísticos do Nordeste. Segmento do mercado imobiliário que melhor desempenho teve durante a crise imobiliária e atrelado à nova economia compartilhada, o setor de multipropriedade proporciona o sonho da casa de praia para milhões de brasileiros. Se cresceu tanto na crise, quem dirá em épocas de vacas gordas.
Hotelaria: enquanto a hotelaria tubuna sofreu com a crise econômica, o setor de resorts teve excelente desempenho, em especial pelo câmbio favorável e pelo fenômeno dos resorts All Inclusive e empreendimentos de uso misto com hotelaria, clubes de férias e parques aquáticos. As perspectivas são positivas com a retomada da economia e a manutenção de certa estabilidade cambial.
Loteamentos: houve um boom de loteamentos no Nordeste nos últimos anos, inclusive no interior e em cidades menores. O setor não foi tão afetado pela crise quanto o segmento residencial, e já ensaia a sua retomada. O despertar do mercado financeiro pelo setor tem ajudado a expansão e estruturação das empresas.
Minha Casa, Minha Vida: Crucial para a população e para o mercado imobiliário nordestino, o programa tem sofrido com as mudanças de governos e atrasos nos repasses. Certamente, passará por ajustes tanto operacionais quanto de funding, enquanto o Governo federal estuda qual será o novo modelo de financiamento à habitação social no Brasil. Feitos os ajustes, seguramente continuará a ter papel central no setor imobiliário nordestino.
Por fim, espera-se que a retomada da confiança dos consumidores, o cenário econômico positivo e o excesso de liquidez dos próximos anos afetem positivamente o mercado imobiliário nordestino, inaugurando mais um ciclo positivo para o setor na região.
Felipe Cavalcante é empresário do setor CEO do ILOA Resort e presidente de Honra da ADIT Brasil.
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