Nos últimos anos temos vistos uma verdadeira epidemia de livros e cursos sobre como dar feedbacks. Eu mesmo li alguns. Até que possuem técnicas bem legais e aconselho que vocês leiam algum deles. Vale à pena.
Mas o grande problema do feedback, e que nenhum livro resolve, é que é algo muito desconfortável, tanto de dar, como de receber. Ninguém gosta de feedback. Essa é a dura verdade. E não adianta vir com essa história de feedback construtivo, nem com a técnica do sanduiche de falar algo positivo para preparar o terreno, depois falar o ponto negativo, para terminar mais uma vez em tons positivos. Afinal de contas, o feedback é sempre alguém apontando as nossas falhas.
Por mais que algumas pessoas usem técnicas e tenham mais habilidade para dar feedback, ainda assim é um momento muito delicado na vida das pessoas. No final, todo feedback mexe com o modo como a pessoa vê a si mesmo e com a sua identidade. E muitas vezes a pessoa que recebe o feedback não concorda com ele, pois ela se vê de uma maneira muito diferente da que está sendo posta. Não tem quem não vá para uma sessão de feedback tenso, inclusive quem vai dar o feedback.
Ao escrever isso me veio à cabeça meu início como empresário, com 22 anos e uma empresa de piso em concreto estampado. Logo depois, comecei a fazer obras públicas e após alguns anos lá estava eu com 30 obras por ano em quase todo o estado de Alagoas, em torno de 10 engenheiros e centenas de funcionários. Claro que eu, nem ninguém com essa idade, está preparado para lidar com uma empresa com esse grau de complexidade. Mas o maior desafio que eu tinha, e lembro bem disso, era dar feedback para as pessoas. Muitas vezes eu passava meses e até anos para dar um feedback que era muito necessário. Hoje, apesar de ainda estar longe da perfeição, já consegui melhorar um pouco...
Mas mesmo o feedback sendo algo tão desconfortável, ainda assim ele é extremamente necessário. O feedback imediato é uma das ferramentas mais poderosas de aprendizagem e evolução pessoal que existem. E não só nas empresas, mas em vários outros campos, como estudo, esporte e arte. Imagine um aluno. Ele precisa saber, através de provas e avaliações o quanto aprendeu sobre determinado assunto. Assim ele pode se esforçar mais para recuperar sua nota. A mesma coisa para um ensaio de uma peça de teatro e com jogadores de tênis ou qualquer outro atleta ou artista, que precisam de feedback imediato. Quanto mais objetivo e rápido o feedback, maior a chance de desenvolvimento, melhoria e correção do rumo daquela pessoa.
Ok, então chegamos a um dilema. O feedback é necessário, mas é desconfortável. Como fazer para capturar o melhor do feedback e descartar a sua parte ruim?
A solução tem o nome de “Feedfoward” e foi desenvolvida por Marshall Goldsmith. O processo é bem simples e objetivo. Trata-se de dar a alguém sugestões sobre o futuro e não retorno sobre o passado, e funciona assim:
· Os diálogos são individuais. Nunca em grupo.
· Cada diálogo dura em torno de 2 minutos.
· Repita isso com 6 a 7 pessoas.
· A duração total da sessão terá entre 10 e 15 minutos.
· Escolha um comportamento que você gostaria de mudar e descreva-o para o outro participante
· Peça um Feedfoward: duas sugestões para o futuro que possam lhe ajudar a conseguir mudanças positivas para esse comportamento.
· Nunca dê feedback sobre o passado, somente sugestões sobre o futuro.
· Escute atentamente e faça anotações.
· Não faça nenhum comentário, seja crítica ou elogio.
· Agradeça o outro participante pelas suas sugestões.
· Mude de papel com o outro participante
· Ache outro participante
Sugiro que vocês experimentem o Feedfoward não só em suas empresas, mas também em suas vidas pessoais, com cônjuges, filhos, pais e amigos. Você vai perceber como a conversa pode ser muito mais tranquila e, em alguns momentos, até divertida.
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